sexta-feira, 10 de abril de 2015

Posso telefonar?

Segunda, 13 de Setembro de 2004
08h33m08s
Enviou primeiro um sms para saber se poderia telefonar. A conversa teve um pico alto que eu não sabia como contornar já que ele estava tão empenhado em fazer Amor comigo. Eu tinha medo, mas lá lhe ia alimentando a ideia. Fazia mal, eu sei, mas tinha que percorrer um caminho que hoje vejo que foi de espinhos. Porém já estava entrelaçada nas suas teias. Fugir já não era solução.
 
< Posso telefonar Amorzinho? Tenho muito que falar contigo. Beijinhos. >
 
 
- Estou, sim faz favor?
- Sou eu meu Amor. Ontem já não te pude enviar mensagem.
- Pois já era tarde, eu sei.
- Sabes que me deste uma grande alegria?
- Como assim?
- Quando me dissestes que querias fazer Amor comigo.
- Pois! Mas tens que me dar algum tempo.
- Porquê? Posso saber?
- Sim, podes. Sabes que nos conhecemos relativamente à pouco tempo e eu ainda não estou preparada para uma aventura destas.
- Chamas-lhe aventura? Por mim não é nenhuma aventura. É muito a sério.
- Da minha parte também, mas não deixa de ser uma aventura nas nossas vidas. De repente entramos numa de < Fazer Amor> e não estou preparada para isso.
- Vais ver que é fácil. É só uma questão de te mentalizares.
- Sim, mas o pior é eu mentalizar-me. Nunca fiz isso com ninguém a não ser com o meu marido e isso perturba-me muito. Não sei se vou ser capaz na primeira vez que tentarmos. Vai ser muito difícil, acredita. Pelo menos para mim.
- Acredita que não vai ser.
- Parece que estás muito habituado a fazê-lo com outras mulheres. Estás? É que se estás, eu não estou e é uma fase nova na minha vida.
- Nãooooooo. Eu é a primeira vez que vou fazer.
- Ofendido? Até parece! Nos homens as coisas são sempre mais simples, mas nas mulheres não e isso sufoca-me muito.
- Amor, tu amas-me?
- Eu amo, mas ainda não estou preparada. Por favor dá-me algum tempo para me habituar à ideia.
- Mas não muito. Estou mesmo a precisar de estar contigo neste momento.
- Dá tempo ao tempo. Vale mais levar algum tempo, mas termos certezas.
- Amor eu tenho certezas.
- Certo, mas eu estou, ainda, sem elas.
- Amor não demores a ter certezas.
- Tenho que pensar muito bem no assunto. Vai ser uma nova fase na minha vida. Um novo marco e uma nova caminhada. Não sei se serei capaz de fazer isso ao meu marido.
- Pensas que ele é um santinho?
- Não sei, mas se calhar respeita-me mais que eu a ele. Embora estejamos numa fase de descanso sabático.
- O que é isso de "sabático"?
- É de estarmos numa crise matrimonial. Não há festa para ninguém há já alguns meses largos ou talvez mais tempo. Não contabilizei.
- Estás a ver? Eu tenho razão. Ele anda a comer de outro prato.
- Não digas isso. Eu sei o marido que tenho.
- Sabes? Não tenhas tantas certezas e eu como homem sei do que falo.
- Por favor não sejas apressado e dá-me tempo, sim?
- Ok! Vou dar-te algum tempo, mas não muito. Estou desesperado para estar contigo. Amo-te muito para esperar até estares preparada. Nos homens não funciona assim. Estás  a fazer-te cara?
- Não! É uma questão de brio para comigo.
- Agora fiquei triste. Ainda algum tempo à espera.
- Tem que ser e não fiques triste. No amanhã muito próximo sou capaz de te dizer que já estou "preparada".
- Espero bem que sim. Hoje foi uma conversa longa. Tenho que ir trabalhar. Até logo, meu Amor. Beijokinhas muitas nesses lábios de mel.
- Até logo e beijinhos. >
 
 
Fiquei com a sensação que ele já não era a primeira vez que fazia isto, mas não ripostei. Fiquei na ignorância. Era melhor para mim. Contudo, vim a verificar mais tarde que ele já andava nisto há muito tempo com outras mulheres.

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