quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Dentista!

Quinta, 2 de Dezembro de 2004
 
Mais um passo que dei para o meu enforcamento. Não deveria ter tido a ousadia de dizer sim a uma exigência dele, mas eu andava cega e acho que é assim que ele põe as mulheres com quem sai e continuará a sair. Ele é doente e nem se apercebe disso.
 
 
10h00m10s
 
 
- Estou sim, faz favor?
- Amor é boa altura para falar contigo? Estava cheio de saudades e não via a hora de falar contigo. Posso?
- Se não for muito tempo, podes.
- É só para ouvir a tua voz e combinar o nosso encontro logo quando fores ao dentista.
- Mas não ficou já combinado ontem?
- Pois, mas é bom falar contigo.
- Já te disse que não me telefones porque pode estar cá a Glorinha...
- Eu sei, mas é bom falar, não achas?
- Não sei se acho.
- Então vou já sair. Logo às 4 da tarde?
- Sim, pode ser.
- Beijos doces e loucos. Até logo.
- Beijos.
 
Encontro na A******* na estação dos comboios. Foi um encontro rápido. Ele tinha-me comprado um aparelho que detetava quando a minha mãe se mexia na cama ou se levantava. Deu-me muitos beijos e parecia que estava esfomeado. Eu sufocava e não me sentia bem. Embora eu soubesse que a minha mãe não tinha a noção das coisas, mas tinha por ela muito respeito. Ele entregou-me o aparelho, eu dei-lhe o dinheiro e ele explicou-me como funcionava. Depois foi a despedida. Ele tinha que apanhar o comboio de volta, senão só daí a uma hora tinha, novamente, comboio.
Entrei para o carro onde se encontrava a minha mãe com o olhar no vazio, como estava sempre.
Vinha a pensar que não era bonito o que eu estava a fazer, mas sentia-me com a autoestima em cima e muito feliz. Cheguei a casa e tinha já o meu marido chegado. Ele sabia que eu ia ao dentista. Não fez perguntas descabidas.
 
22h07m59s
 
< Meu Amor foi um dia bom. Obrigada pelo cadinho que me destes. Dorme bem. Bjs dos nossos. >


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