domingo, 3 de janeiro de 2016

Estou em Entrecampos!

Quinta, 3 de Março de 2005

Mais uma foto da estação de Entrecampos. Era lá que o Fernando Pedro se encontrava a trabalhar neste dia.
Depois de um dia juntos vieram uns dias de separação que tão bem me souberam. Sem ele, sentia-me liberta. Era eu outra vez. Escrevia as palavras que trocávamos regularmente ou não. Fazia o que me apetecia. Ía ter com as minhas colegas e fazia compras. O telemóvel andava sempre comigo. Um dia andava eu a fazer compras em V***** F****** quando ele me interceptou. Queria saber onde me encontrava. Muito embuida  na minha vida privada e que nunca lhe contava, respondi que estava com o meu marido a almoçar. Desligou e ficou furioso, como me contou, depois à tarde no telefonema que já faziam parte da minha vida.
Estava a fazer dieta. Já tinha emagrecido uns kilos, mas não o suficiente. Ele dizia que já era melhor para ele fazer amor comigo. 
Voltando ao dia de 3 de Março, o telefone voltou a tocar e eu, que estava estremunhada, acordei sem saber o que se estava a passar. Assustei-me e dei um pulo na cama, pensando que quem seria o cabrão que me telefonava tão cedo.
No relógio marcava 08h15m21s. Em todo o tempo foi o dia que mais cedo me telefonou. O número não era o mesmo e fiquei intrigada.

- Estou sim, quem fala?
- Hoje a cantiga é outra.
- Como assim?
- Não esperavas, ainda, por mim?
- A esta hora, não. É mais cedo que o costume, não é?
- É. Estou em Entrecampos e vou passar aqui o dia todo. Temos muito trabalho. O sol está quentinho. Vem aí a Primavera.
- Já não falta muito.
- Queres vir ter comigo? Almoçamos por aqui.
- Não. Tens muito trabalho e eu vou ficar à espera de ti, muito tempo e só vamos ficar uma hora.
- É melhor que nada. Sabes? Vou fazer queixa do restaurante dontem.
- Porquê? Que sejam apanhados mas não por nós. Não por ti.
- Comigo ninguém brinca e eles pagam por aquilo que me fizeram.
- Mas os pratos foram trocados.
- Já não vai acontecer aquilo a outras pessoas.
- O que podemos fazer é não voltar lá.
- Quando lá voltar, já não existe.
- Não sejas mau. Gostavas que te fizessem isso?
- Olha, não tenho uma conta para pagar nas finanças? Também me foderam.
- Fala bem que já tens dentes.
- Bem, não vens almoçar? Como vais passar o teu dia? Em casa a escrever?
- Mais ou menos. A Glorinha vem hoje.
- Eu sei e vou ver se telefono depois das cinco.
- Era bom. Senão, não te atendo.
- Bem, vou trabalhar. Tenho os homens à minha espera, mas eles sabem que tenho que falar com a minha princesa primeiro.
- Também contas tudo. Não os conheço, mas tenho vergonha deles...
- Tu vergonha? Se tivesses vergonha não te tinhas metido comigo. Saltastes a cerca.
- ....................
- Perdestes a fala?
- Olha nem mereces resposta. Um dia, por causa disso, deixo-te. Não me fazes falta nenhuma.
- Calma, amor mio. Estava só a brincar.
- E que brincadeira mais estúpida. Continua assim que nem chegamos aos teus anos.
- Não digas isso. Agora que me vais dar uma prenda estás a fugir?
- Experimenta estares com estas palavras e vais ver a volta que levas.
- Bem, não fiques zangada. Vou trabalhar. Beijinhos só nossos onde e como quiseres. Fica bem.
- Beijos e até logo.

Quando desliguei, fiquei furiosa com ele. Apetecia-me ver-me livre dele. Estava sempre a deitar-me abaixo. Era um sacana.
O resto do dia não tive notícias dele. Não fui ver as mensagens e desliguei o telemóvel. Foi um dia de descanso. 

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