sábado, 31 de outubro de 2015

Já pensaste?

Terça, 18 de Janeiro de 2005
 
Mais uma vista linda do Castelo dos Mouros em Sintra. Quem não conhece, eu recomendo uma visita a esta cidade linda, Concelho de habitação do nosso Fernando Pedro.
 
 
Ai Fernando Pedro, ai Fernando Pedro! Tu não prestas, mesmo. Porém, és fiel aos teus gostos desde que andámos juntos. Ainda ouves o " Porto Sentido ". Foi a primeira canção que me cantaste, ao telefone, de um bar qualquer onde ias fazer Karaoke. Tenho a certeza que lês o meu blog e sabes que eu não minto ao invés de ti que mentes constantemente. A tua boca só serve para mentir e para.... Não posso mencionar porque é obsceno. 
Tu sabes a que me refiro e creio que os meus leitores também.
 
 
Neste dia telefonou-me ainda cedo. Eu ainda estava a dormir. Mas atendi. Nessa altura, tinha o telefone na mesa de cabeceira. Hoje já não tenho. Modifiquei muita coisa para não me recordar dele.
Há muita coisa que foi apagada da minha memória. Só ficaram aquelas que registei no meu diário. Aquele que hoje me serve de guia para transcrever a tua maldade e como fazes para cativar uma mulher. Cativá-la até teres dela o que almejas. Foi assim comigo. És peixes e, como eles, gostas de andar no cimo da vida para filares as tuas presas.
 
 
O telefone tocou e eu, languidamente, apanhei o auscultador. Já adivinhava quem poderia ser o autor da chamada mas, certeza, não tinha:
 
08h20m45s
 
- Estou sim, por favor?
- Amor mio, sou eu. Bom dia. Dormiste bem? Eu dormi que nem uma pedra.
- Bom dia. Olha por falar em " pedra ", sonhei contigo....
- Sonhaste? E o que foi? Não me digas que te v******, no sonho!
- Não. Não foi um sonho erótico. Foi um sonho normal, mas falei alto. O meu amarido perguntou-me o que estava a sonhar porque tinha falado em pedra. Era a chamar por ti. Só que ele não percebeu.
- Eu bem te digo para teres cuidado! Um dia ainda és apanhada.
- E tu não? A tua mulher pode apanhar uma mensagem minha ou ver o meu nome no telemóvel.
- Ah, ah, ah. Isso não vai acontecer. Tenho o teu nome como José António.
- A sério?
- Sim. Eu sou muito cauteloso. É para veres. Olha já pensastes na minha proposta?
- Que proposta? Não me recordo! Desculpa.
- As desculpas não se pedem, evitam-se. De irmos para a p***** no dia que fores ao médico.
- Ainda não pensei. E como é só sexta, ainda tenho tempo para pensar...
- Eu tenho que saber, para reservar.
- Ao fim do dia já tenho uma resposta.
- Então, logo, diz-me, ok?
Ok! Combinado.
- Agora vou fazer qualquer coisinha para o homenzinho.
- Tens uma lata!!!
- Vá, até logo. Beijos docinhos. Hum! Do jeito que tu dás.
- Até logo gozão.
 
 
12h01m23s
 
< Vou almoçar. Já pensastes na minha proposta? Bjs para tua sobremesa. >
 
17h10m25s
 
- Estou sim, por favor?
- É essa maneira linda de atenderes o telefone que me cativa.
- Não gozes, está bem?
- Não estou a gozar. É verdade. Tens um charme que me arrepia todo.
- Tu e os teus arrepios.
- A sério. E já pensastes na minha proposta?
- Já e não.
- Mau! Como é afinal?
- Pensei que deveria ser bom, mas por outro lado, não sei se vou querer. Nunca estive nessa situação.
- Há sempre uma primeira vez para tudo. Nunca tinhas saltado a cerca e agora saltastes. ( Este tempo verbal era sempre dito e escrito da mesma maneira. )
- Pois! É um dos meus erros. Que nunca me venha a arrepender.
- Não, amor mio. Eu não deixo.
- Assim o esperemos no futuro.
- Bom, posso reservar?
- É cedo. Amanhã falamos disso.
- Cedo? Já vou sair e tu dizes que é cedo?
- Cedo para reservar. Basta de um dia para outro, penso eu...
- Pensas mal. Logo falamos no MSN?
- Não sei. O meu marido tem trabalho.
- Eu espero por ti. Beijokinhas só nossas.
- Beijinhos.
 
 
22h20m13s
 
< Foi bom falar contigo. Foi um cadinho, mas foi bom. Dorme bem. Bjs só nossos.>

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

De volta de novo!

Segunda, 17 de Janeiro de 2005
 
Quem não conhece esta entrada? Nem precisa referenciar. Este Castelo é perto da A********a, onde reside o Fernando Pedro.
 
Mais um dia que recorro ao meu diário. Já me tinha esquecido, mas hoje relembrei como tudo  se tivesse passado de novo.
 
09h19m29s
 
 
- Estou sim, faz favor?
- Bom dia, bom dia, meu Amor. Que saudades de te ouvir. Estou de volta, de novo, aos nossos telefonemas..
- Hum! Bom dia. Estás muito bem disposto! Passa-se alguma coisa que deveria saber?
- Sabes, estive a pensar numa coisa e assim guardo os dias para as nossas luas de mel.
- E posso saber o que vem aí desta vez?
- Estou a trabalhar em Entrecampos. Andei a fazer uns telefonemas. Um amigo meu deu-me alguns números.
- E do que se trata?
- Vens ter comigo e vamos a uma pe***o aqui perto. Tem banho e é muito asseada.
- ( Silêncio)
- Não dizes nada? Não gostastes da ideia?
- Deixa ver se percebi. Vamos a um sítio passar uma horas e pronto? Deixas de vir a casa?
- Não é bem isso. Vou ai também, mas é mais fácil vires tu ter comigo. Assim guardo dias para sair contigo.
- Estou a ver. E posso saber como se chama?
- Chama-se P****o L***s. É aqui na Avenida *********.
- Já lá foste com outras?
- Nãooooo! Que disparate. Foi um colega que me deu. Mas se não queres, tudo bem.
- E para quando?
- Não dissestes que vens ao médico no dia 21? Íamos só lá experimentar. Que achas?
- Vou pensar nisso.
- Vamos primeiro ver como é. Se gostarmos, vens ter comigo.
- Ok. Vou já processando a ideia.
- Espera um cadinho...
-..........................
- Estou de volta. Ainda estás ai?
- Estou, mas esse " cadinho " dava para eu ter ido a Lisboa e voltar.
- Desculpa, mas tive que resolver um assunto.
- Eu, por mim, não me importo. Tenho o dia todo...
- Como estava o teu marido?
- Estava bem. Recebeu-me lindamente. Aí em casa como foi?
- Como se viesse de um dia normal de trabalho. Só a C*****a é que ficou feliz por me ver.
- É sempre assim?
-É, lamentavelmente, é sempre assim.
- Deixa lá. Eu dou-te carinhos...
- Ainda bem que te encontrei. Não te quero perder. Mas agora tenho que te deixar. Vou trabalhar.
- Então, até logo? Não telefones depois das seis da tarde.
- Está bem. Beijokinhas só nossas.
- Beijos e tem um bom dia. ( desliguei )
 
 
17h54m18s
 
 
< Já não posso falar. Vai ao MSN. Beijokinhas doces. >
 
 
22h01m34s
 
< Dorme bem. Foi bom falar contigo. Hoje durmo melhor. Bjs só nossos. >

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Eu entendo!

Domingo, 16 de Janeiro de 2005
 
 
Um Castelo com identidade. Sintra, como sempre no seu melhor.
 
 
Neste dia o meu marido foi correr. Ia sempre para manter a linha. Foi futebolista e isso ficou-lhe para sempre. Fazia os seus treinos sempre que podia.
Eu aproveitei para enviar ao Fernando Pedro uma mensagem, via telemóvel, para ele ir ao pc.
Explicava porque não tinha respondido nem ido ao MSN.
Respondeu assim:
 
10h12m25s
 
< Meu Amor de ontem de hoje e de amanhã. Entendo o teu silêncio mas, era difícil para mim depois, de termos passado uma semana tão boa. Hoje já podes vir ao msn? Parece que não falo contigo há que tempos. Estou com fome dos teus beijos, carícias meiguices e tudo o que trocámos naquele quarto, percebes? Hoje sei ver que não posso ficar sem ti. Amo-te e deixo tudo para estar contigo. Meu docinho és a minha musa. Bjs que só tu sabes dar. > 
 
 
14h35m46s
 
< Amor mio estou no MSN à tua espera. Aparece. Eu entendo senão apareceres. Bjs doces. >
 
 
 
Não fui ao MSN. Meu marido estava comigo na sala e eu não o queria deixar sozinho. Enviei mensagem a dizer que não podia ir.
 
 
22h10m58s
 
 
< Dorme bem. Pensa que estás a meu lado. Amanhã falamos. Bjs só nossos. >
 
E foi assim que terminou mais um dia. Eu estava a ficar com medo do Fernando Pedro. Mas, por outro lado, ele era um amor.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Sábado solitário!

Sábado,  15 de Janeiro de 2005
 
Que linda é a Igreja de Alvito! Esta vila alentejana tem coisas muito lindas. Pena ter sido palco de dar à luz uma criança em 1955 que, mais tarde, se haveria de tornar um sociopata.... Isto acontece aos melhores. Nem todos os alentejanos são assim.
 
Neste Sábado acordei cedo. Estava já habituada àquele ritmo da Nazaré. Eis porque não gosto da rotina. O meu marido ainda dormia. Eu fiquei surpresa de ele estar a meu lado. Esperava encontrar o Fernando Pedro. Foi alívio num sentido. Estava na minha casa. A primeira abordagem que fiz no dia anterior com o meu marido tinha sido maravilhosa. Ele tinha-me enlaçado nos seus braços e eu senti-me protegida pela primeira vez na vida. Ele dava-me segurança e compreendia-me sem sessar. Tinha pedido ao Pedro para não me contactar na noite de Sexta. E ele cumpriu. Talvez, também, para conveniência dele.
Voltei a adormecer nos braços do meu marido e senti que nada me poderia prejudicar. Nem tinha o problema de ir ver se me faltava dinheiro. Adormeci tranquila.
 
Pelas 09h32m10s o meu telemóvel deu sinal de mensagem a chegar. O meu marido acordou e eu acordei também. Fiquei com receio de ser o Pedro e nem me sentia com coragem de ir ver.
O meu marido quebrou o silêncio e disse: - Não vais ver quem te quer desejar bom dia?
Respondi que estava tão bem nos seus braços que não me apetecia desfazer aquele abraço tão nobre.
Mas, languidamente, estendi o braço e apanhei o telemóvel.
Era, realmente, o Pedro. Dizia o seguinte: - Bom dia meu Amor. Dormiu bem? Eu não. Pensei em ti toda a noite. Vai ser um sábado solitário. Bjs só nossos.
 
Ao meu marido disse que era a minha filha e fiz uma mensagem imaginária. Tinha aprendido com o Pedro a mentir.
O meu marido agarrou-se a mim e disse que tinha sentido a minha falta. Senti tamanho peso na consciência que o abracei com força e disse que também tinha sentido o mesmo.
 
 
Estava eu a fazer o almoço quando o meu telemóvel tocou.
 
12h34m23s
 
< Meu Amor estou tão só que tenho vontade de chorar. Dia solitário sem ti. Hoje almoço só com a C*****a. Bjs molhados. >
 
Não respondi. Não me apeteceu. Eu nem sabia se aquilo era verdade... Pelas mentiras que dizia todas as noites à mulher e filhas fez com que  eu já não acreditasse nele.
 
15h20m45s
 
< Estou no MSN. Aparece. Tenho saudades. O sábado tem sido solitário. Bjs doces. >
 
 
17h45m56s
 
< Ela já veio do trabalho. Pq não vieste? Tenho ciúmes desse gajo. Beijokinhas molhadas. >
 
 
 
22h01m28s
 
 
< Hoje foi um sábado solitário. Bjs e nem sei como vou dormir. >
 
Eu não queria estar a enviar mensagens. Não queria que o meu marido desconfiasse. Nem fui ao pc. Estive todo o dia na brincadeira com o meu marido. O Sábado passou-se e eu estava feliz ao seu lado . Até o cheiro  dele me alegrava.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Último dia da nossa viagem!

Sexta, 14 de Janeiro de 2005
 
 
Quem não conhece o Parque de D. Carlos, nas Caldas da Rainha? É lindo! Tem um jardim maravilhoso, o museu Malhoa um lago e muitas outras coisas lindas.
 
Ainda na Nazaré era muito cedo quando acordei. O Fernando Pedro dormia e eu não. Estávamos os dois nos braços um do outro. Senti-me incomodada e cheguei-me para a beirinha da cama. Ah! Ainda não disse que o nosso amigo ressonava que nem uma locomotiva! Ele dizia que era por ter partido o nariz numa atividade que ele praticava em artes marciais. Mas nessa noite acordou-me com um ronco mais forte.
Fiquei acordada algum tempo. Pensei como estaria o meu marido quando eu chegasse a casa. É certo que todas as noites nos falávamos, mas isso não era suficiente. Também falava com a minha filha. Ela recordava-me que não tinha gostado dele e que, se calhar, não era boa ideia o que eu estava a fazer. Mas não me desencorajou. Só me disse para ter cuidado com ele. Eu já andava com o olho nele, mas ele fazia-me coisas que me faziam dissipar o medo. Era assim como um analgésico. Enquanto durava, eu não pensava nas coisas más.
Com pensamentos obscuros, acabei por adormecer até que ele me chamou. Eram horas de pular da cama e fazermo-nos à estrada. A nossa estadia pela Nazaré estava a terminar.
Tomámos banho como sempre, mas desta vez mais demorado. Trocámos beijos, carícias, meiguices e muitas outra coisas que nos puseram ao rubro. Tomámos o pequeno almoço e cada um arrumou as suas coisas nos tróleis.
Descemos e, enquanto eu fiquei a fazer o check out, o Fernando Pedro metia a bagagem no meu carro. Claro que fui eu que paguei. Era sempre eu e nunca ele. Foi aí que a dona do Solar me perguntou se tínhamos gostado das mini férias e se tudo tinha estado ao nosso agrado. Eu respondi que sim. Claro que recomendo a quem quiser ir lá passar uns dias. Para me passar o recibo precisou do BI. O Pedro estava na rua e perguntei se podia ser o meu. Ela aceitou, embora a reserva estivesse no nome do Pedro. Aí fez-me uma série de perguntas a que fui respondendo como pôde. Ela disse-me que tinha um filho e uma filha. Soube que a filha morreu com câncer há dois anos, talvez três. Enviei os meus pêsames  e ela agradeceu-me. Fui para lá nessa altura em que a filha estava em Lisboa internada. Ela vinha todos os dias a Lisboa estar com a filha e o filho tomava conta do Solar. Ela reconheceu-me, por incrível que pareça. Chamou-me logo Senhora Doutora Mas ficou muito séria a olhar para o meu marido. Por delicadeza, não me disse nada.
Voltando um pouco atrás, depois de saldar a nossa conta, despedimo-nos e sai ao encontro do Pedro que já estava ao volante do meu carro. Mas antes pedi desculpa pelo Pedro não se ter ido despedir.
Seguimos em direção às Caldas da Rainha. Antes do almoço, andámos pelo Jardim que é lindo. Sempre de mãos dadas ou com o braço do Pedro a enlaçar-me toda.
O carro ficou estacionado no paquímetro junto ao Jardim.
Á hora do almoço, fomos ao D. Piri-Piri que ficava em frente ao Jardim. Sinceramente que não sei se ainda existe. Quando vou às Caldas nem me recordo de reparar se ainda lá está.
Comemos frango assado com batata frita e arroz com salada à parte.
Eram 14h22m quando saímos das Caldas.
Rumámos em direção à minha casa.
Uma coisa que não sei se disse. Desta vez o Pedro trouxe o carro dele que ficou estacionado atrás do jardim da minha casa.
Ele partiu e eu fiquei em casa. Tinha terminado mais uma semana junta com o Fernando Pedro, desta vez na Nazaré.
 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Quarto dia na Nazaré

Quinta, 13 de Janeiro de 2005
 
A fotografia que hoje posto é o " Solar dos Carvalhos ". Foi aqui, no segundo andar, que passei os meus dias, na Nazaré, com o Fernando Pedro.
Ele continua aí, pelo face, com outro nome. Mantem sempre o " Pedro". O apelido é que varia. Mas não vou dizer o apelido. Não quero que ele fuja. E não quero colocar mal quem mo disse. Os outros já toda a gente conhece: Pedrokas; Pedro Sintra, Pedro Lisboa e uns milhentos que não vale a pena mencionar.
 
Neste dia, também, acordámos cedo. Ele não conseguia estar na cama depois daquela hora. Como já era hábito, tomámos banho juntos e ele fez sempre as mesmas coisas. Já se tornara numa rotina e eu estava a detestar. Mas não dizia nada para não o magoar. O pequeno almoço foi, ligeiramente, diferente. Eu assim o quis para quebrar a rotina.
Fomos ao mesmo café onde íamos todos os dias e onde eu dava pela falta do meu dinheiro. Enquanto ele estava ao balcão, eu via o que tinha acontecido enquanto eu dormia.
Os óculos do Fernando Pedro tinham as hastes soltas e ele foi a uma ourivesaria, ao cimo da rua, que tinha óculos de sol na montra, para o Senhor lhos apertar. O Senhor foi simpático e apertou-lhe as hastes.
Quando começámos a descer a rua em direção ao mar, ele deteve-se, mais uma vez, em frente à sapataria a ver os sapatos que continuavam ali à sua espera. Mas ainda não os comprou.
 
Neste dia andámos na praia. Mesmo na areia da praia. Eu não queria ir porque a areia entrava para dentro dos meus sapatos e fazia-me impressão. Ensinou-me a andar na areia sem que a mesma entrasse para os sapatos. Foi giro e aprendi. Percorremos a praia toda de mãos dadas. Ouvíamos o marulhar das ondas que batiam, de mansinho, na areia e desmaiavam no areal num embelezamento que fazia inveja. As ondas desfaziam-se de prazer e ele comparou-as com a maneira como fazia amor comigo. Dizia-me ao ouvido: - Amor é assim que me acontece quando me entrego a ti quando fazemos amor.  Eu chamei-o de " convencido " e ele riu com gargalhadas francas e desprendidas de satisfação. Apertou-me junto a ele e beijou-me com uma avidez que me fez desejar que ele não parasse. É exímio naquilo que faz:- Seduzir uma mulher mais velha. Ele sabe o que faz e sabe que o faz bem, quando quer e até querer. Quando deixa de querer, deixa de  "saber fazer ".
De volta para o apartamento, viemos pelo calçadão. Um casal dava de comer às gaivotas. Pela segurança das gaivotas, via-se que já estavam habituadas àquele ritual. Ficámos um montão de tempo a ver e a apreciar o momento.
O Fernando Pedro tirou uma fotografia. Ele andava sempre com a digital na mão.
Depois enveredámos por umas ruelas estreitas e fomos comer a uma tasca chamada " Vicente ". Tinham caldeirada neste dia. Como era o último passado na Nazaré, reservámos a caldeirada para este dia. Era o dia do Fernando Pedro pagar. Pagava com o meu dinheiro como se eu nunca tivesse dado conta que ele mexia na minha carteira.
A caldeirada foi muito pobre. Tinha muita batata e pouco peixe. Foi um fiasco. Comentámos o sucedido, mas já não havia nada a fazer.
Neste restaurante, tirou-me umas fotos que estive a rever antes de começar a escrever o que tenho no meu diário.
Depois do almoço, andámos pela marginal a ver as lojas. Eu comprei algumas coisas e ele também.
Regressámos ao apartamento para deixar os sacos. Era sempre à tarde que ele gostava de fazer amor. Era uma tarde de velinhas e muita farra. Hoje sinto-me envergonhada de o recordar, mas não posso modificar o passado. Como disse atrás, isto tudo faz parte da história que construi com ele. Nunca serei capaz de a apagar. Mesmo que queime o meu diário, a história continua.
Tomámos banho e saímos para a rua para ir comprar o jantar ao super da Lena.
Ao passarmos pela sapataria, os sapatos ainda lá continuavam. O Fernando Pedro disse que tinha mesmo que os comprar. Eram giros. Castanhos claros com uma tira ao meio e com atacadores. Mais tarde, tirou-lhe a tira, mas eu conheci-os logo.
 Ele estava à espera que ele lhos comprasse, mas eu desviei-me e comecei a ver as malas para senhora. Não comprei nenhuma, mas também não lhe comprei, diretamente, os sapatos. Eu sabia que ele já lá tinha o dinheiro para eles. E era meu.
O jantar foi à luz das velas e o romantismo pairava no ar.
Ficámos a ver televisão até tarde e fomos para a cama para dormirmos a última noite, muito agarradinhos, desta vez, na Nazaré.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Terceiro dia na Nazaré!

Quarta, 12 de Janeiro de 2005
 
Mais um dia passado no remanso da Nazaré. Pacata, nesta altura do ano. Via-se um ou outro turista, mas nada de especial. O tempo resplandecia de sol, embora o frio se fizesse sentir e até soprava uma leve brisa que fazia os meus cabelos andarem num rodopio constante.
Levantámo-nos cedo e, depois do banho a dois, vestimo-nos e fomos tomar o nosso pequeno almoço.
O Fernando Pedro arranjou um tabuleiro muito bonito e desencantou uma jarra que colocou com uma flor de plástico. Tomámos o pequeno almoço. Ele queria dar-me os flocos como se eu fosse uma criança. Mas eu não acedi a tal mariquice. Acho que era de mais. Era o romantismo dele a florescer, também. Eu fiquei estarrecida a olhar para aquilo. Só que não sabia que ele estava a preparar o caminho para outra coisa. Como o Fernando Pedro não funcionava sem café, fomos ao mesmo sítio para ele o beber. Eu sentei-me numa mesa e, enquanto ele bebia o café ao balcão, eu fui ver o dinheiro que tinha na carteira. Tinha deixado uma marca. Fiquei triste porque me faltava dinheiro. Pensei: - " Se ele quer dinheiro, que mo peça. Não mo tire ". Mas não tive coragem de lhe dizer nada. Não queria ferir a sensibilidade dele. Nem queria ouvir uma mentira. Saímos do café e eu vinha muito calada. Ele reparou e pôs o braço por cima de mim e disse que  me amava muito e não queria ver-me triste. Relevei mais uma vez e pensei que seria sempre assim.
Andámos pela Nazaré. Fomos para o lado das escolas do primeiro ciclo. Fernando Pedro relembrou-me do meu percurso profissional e se não tinha saudades.
 Claro que tinha. Ainda, nas minhas reminiscências, voltavam como pausas de uns dias que nunca iria esquecer. Mas o tempo passa e eu fui-me adaptando ao meu novo modo de vida.
Descemos pela estrada Nacional entrando em ruelas que pareciam que os telhados se tocavam uns nos outros. Era lindo e eu estava encantada.
Havia Nazarenas que nos ofereciam apartamentos como se nós andássemos à procura de um. Eu gosto de história e, naquelas ruas antigas, eu via a história da Nazaré.
O tempo voou e quando vimos as horas, eram horas de almoçar.
O Fernando Pedro alvitrou que fossemos comer ao " Borgas " novamente. Era ele sempre que escolhia os restaurantes.
Comemos peixe grelhado. Ele arranjou o meu com minúcia como se eu fosse uma criança.
Não comemos sobremesa. Qual não foi o meu espanto quando ele disse que pagava o almoço. Claro, com o dinheiro que me tinha tirado da carteira. Não fiz comentários, mas o meu eu interior, chorava baixinho. O príncipe tinha pés de barro. Recordei-me de uma vez ele me perguntar se eu não tinha medo de dormir com ele. Podia ser um ser diferente do que eu via. Nessa altura até brinquei com a situação. Mas hoje já punha as minhas dúvidas.
Como o restaurante ficava em frente ao Solar dos Carvalhos, fomos para casa descansar.
Deitámo-nos em cima da cama a conversar banalidades. De vez em quando, ele acariciava-me e daí ao resto foi um passo. As velinhas eram sempre acesas na altura certa e davam um ar de paz que nos entregávamos um ao outro como se fossemos velhos conhecidos.
Depois fomos tomar banho e lá nos dirigimos ao Super da Lena. Como sempre, paguei a conta. Já não fazia disso uma controvérsia. Passou a ser uma coisa banal.
Ainda passámos pela farmácia que ficava ao cimo da rua. Queria eu comprar um drenante. Sentia que fazia retenção de líquidos.
Mais umas voltinhas a ver as montras e o Fernando Pedro ficou preso à montra de uma sapataria. Queria aqueles sapatos. Eram lindos!
Mas não os comprou. Eu também não disse nada. Não estava nos meus planos comprar-lhos. Mas era disso que ele estava à espera.
Voltámos para o apartamento e fomos começar a preparar o jantar. Mais uma vez, ele acendeu as velas que pôs em cima do balcão da cozinha. A luz reluzia e fazia pequenas figuras que se assemelhavam a anjos. Ele relembrou que até os anjos nos estavam a proteger. A olho nu, eu não via nada, mas assenti com a cabeça. Numa ida à casa de banho, pus o sinal na minha carteira. Queria ter a certeza. Ainda falei com o meu marido e ele falou com a companheira e com as filhas. Depois desligámos os nossos telemóveis.
Ficámos a ver televisão até perto da uma da manhã. Eu já pestanejava e tinha dificuldade em abrir os olhos. Ele conduziu-me à cama e ajudou-me a deitar. Adormeci de imediato. Logo de seguida ele foi à minha carteira. Mais uma vez, ele me levara dinheiro. Era para os sapatos.
 

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Segundo dia na Nazaré

Terça, 11 de Janeiro de 2005
 
 
Voltamos à nossa digressão sobre Nazaré. Mais uma vez tenho o meu diário para me ajudar a escrever fielmente o que se passou neste segundo dia. São coisas que vou lendo e que vai despertando em mim uma onda de revolta e imensurável despeito por me ter envolvido com o Fernando Pedro.
 
 
Neste segundo dia, acordámos cedo. Eu por estar nos braços de um homem desconhecido e ele por ser hábito.
Não tenho orgulho naquilo que fiz voluntária ou involuntariamente. Mas estava com uma paixão que me arrebatava os sentidos. Ele fazia com que eu me comportasse de uma maneira frívola e idiota.
Acordei com os beijinhos dele. Fiquei surpresa com a situação. Ele animou-me e fez-me sentir melhor com o que me disse.
Fomos tomar banho. Ele lavava-me com o paninho azul com toda a delicadeza, meiguice, ternura e amor, pensava eu.
Enrolámo-nos no mesmo roupão e assim nos secámos mutuamente.
Tomámos o pequeno almoço. Eu comi flocos e ele comeu um bolo em forma de ferradura, barrada de manteiga ,que tinha posto no cesto no Super da Lena. Dizia que gostava desta iguaria. Eu não gostava.
Saímos para a rua. Um dia de muito sol, mas frio. Ele disse que tinha que tomar café. Sem café não funcionava, dizia. Tínhamos um café logo duas portas acima da portaria. Entrámos e ele pediu o seu café que bebeu com gosto. Eu sentei-me numa mesa sem pedir nada. Já tinha tomado o meu pequeno almoço. Mas estive a ver se o dinheiro era suficiente para o dia e deparei que me faltava dinheiro. Fiquei apreensiva e a pensar que ele me tinha tirado dinheiro enquanto eu dormia. Era ele que pagava o almoço neste dia. Eu não queria acreditar, mas iria tirar a prova dos nove na noite seguinte.
Estivemos a pensar onde ir neste dia. " Explorar Nazaré " como dizia o Pedro.
 Começámos por ir apanhar o elevador e ir ao sítio. Ele sempre de mão dada com as minhas.
No Sítio comprei um ponche de lã para levar para a A****a quando fosse visitar a minha filha e até mesmo cá. Era muito quentinho. Ele comprou souvenirs para as filhas.
Na descida, tirámos fotos. Uma delas é um beijo que ainda está entre o meu diário, como todas as outras.
Já na Nazaré, fomos almoçar ao " Ponto com " por detrás do nosso apartamento. Hoje está fechado. Pelo menos há um mês, estava. E já noutras ocasiões que visitei Nazaré, também.
A tarde foi passada no apartamento. O Fernando Pedro gostava de fazer amor de tarde e ter tempo para isso. Depois fomos tomar banho. Ainda saímos à rua para ir ao Super da Lena fazer as compras do jantar. Ele dizia que gostava de coisas frescas, na hora. Vestimos os nossos pijamas e jantámos na santa paz.
O serão foi passado a ver a descovery ou a odisseia. Ele adorava ver o programa dos detetives e eu apaixonei-me pelo programa.
Deitámo-nos por volta da uma da manhã.
  

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Nosso primeiro dia na Nazaré!

Segunda, 10 de Janeiro de 2005

Mais uma vez me sirvo do meu diário. Havia coisas que eu já tinha apagado da minha memória. Porém, hoje ao lê-lo, parece que se passaram ontem e que a frivolidade desses tempos nada teve a ver com aquilo que hoje sou. Tudo se passou de uma irreverência tal, que hoje não tenho a audácia de as fazer nem em pensamento. Tudo me parece um sonho em que fui a protagonista. Contudo, é a realidade dos factos que vou relatar.

Esta Segunda começa com a ida à estação para ir buscar o Fernando Pedro. Eram 9h 35m quando o comboio chegou.
Enquanto eu aguardava pela sua chegada, pedia a Deus que ele não aparecesse. Naquele momento tinha consciência da grande reviravolta que dava na minha vida. Fazia uma coisa que estava fora dos parâmetros da minha existência como mulher com um passado imaculado que tinha atrás de mim. " Não era eu que estava a cometer tal agrafo na minha vida " pensava eu com os meus botões. Mas a nódoa cai no melhor pano, como é hábito dizer-se.
Cogitando nas mil e uma maneira que eu tinha para sair dali, nem dei por ele descer as escadas para vir ao meu encontro.
Assustei-me quando ele bateu no vidro do carro, arrancando-me aos meus mais sublimes pensamentos. Sorri a custo e abri a porta para o receber. Ele enlaçou-me nos seus braços fortes e beijou-me com meiguice tornando isso num analgésico para os meus pensamentos.
Sai do meu lugar e disse para ele conduzir.
Levou um cd com músicas da terra dele e batia no volante ao compasso da mesma. Eu ia calada. Pensava que o meu marido, ao ler o bilhete que lhe deixei, ficasse zangado comigo. Nunca se zangava, mas haveria de vir uma primeira vez.
Fizemos o caminho a ouvir o cd. De vez em quando, perguntava-me se eu estava feliz. Eu acenava com a cabeça que sim, mas ia muito introspecta.
Já na Nazaré foi difícil dar com o " Solar dos Carvalhos ". Ele não conhecia Nazaré, foi a ilação que tirei. Telefonámos para a dona e ela lá nos deu a indicação. Por acaso já tínhamos passado por ali.
Ele tirou os tróleis e foi estacionar o carro que ficou junto aos correios. Eu fiquei a fazer o check in. Declarei que éramos marido e mulher. Erro crasso, mas não podia ser de outra maneira.
O apartamento que escolhemos estava virado para o mar. Dali ouvia-se o marulhar das ondas e as gaivotas no seu grasnar interrupto.
Instalámo-nos. Cada um de nós arrumou a sua roupa nos dois roupeiros que tinha o apartamento.
Depois ficámos aos abraços e beijinhos com carícias e meiguices. Estava anestesiada e perplexa por estar a cometer uma falha tão grande na minha vida. Já tínhamos estado em Porto Covo, mas, para mim, era como se fosse a primeira vez.
Descemos para almoçar. Em frente à portaria havia o restaurante " O Borgas ". Foi aí que almoçámos. Falámos muito e comemos pratos de carne. Ainda não fomos para a caldeirada. Dizia o Pedro que era cedo. Tínhamos mais dias. Quando veio a conta, eu paguei sem dizer nada.
Fomos os últimos a sair do restaurante.
O Pedro pensou em fazer uma refeição leve ao jantar. Era ele que iria pagar. Tínhamos combinado pagar as despesas por metade, mas tal não aconteceu.
Então pusemo-nos  à procura de um supermercado. Era o super da Lena. Ficava duas ruas acima do apartamento. Mesmo perto da farmácia.
O Pedro escolheu o que queria e meteu no cesto. Quando chegámos à caixa, ele passou para a frente para meter as coisas nos sacos e eu fiquei atrás para pagar a conta. " Nem isto paga" pensei eu.
Já em casa, arrumei tudo e lavei a loiça. Eu gostava de lavar sempre tudo. Não sabia quem lá tinha estado antes.
De seguida fizemos amor com velas acesas para adocicar aquele momento.. Foi bom, como sempre. Ele primava por aquilo que fazia e sabia fazer sexo que desse prazer à companheira.
Uma tarde em que os raios de sol entravam pelas janelas e acariciavam os nossos corpos nus.
Tomámos banho juntos como era já apanágio de ambos.
Á noite dormimos agarradinhos um ao outro. Ele estreou nesse dia o pijama azul que a mãe lhe dera pelo Natal.
 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Amanhã estamos juntos

Domingo, 9 de Janeiro de 2005

Mais umas quantas coisas fui buscar ao meu diário. Estava quase a dar um passo demasiado grande para a minha perna, mas dei-o e hoje sofro as consequências. Nada me faz mais desejar apagar tudo isto com uma borracha, mas não consigo. Faz parte da história que construi com o Pedro.

10h10m10s

< Meu Amor dormiu bem? A tua filha chegou bem? Amanhã já estamos longe. Bjs de mel. >

12h29m34s

Bom almoço. Amanhã já estamos juntos a almoçar. Estou ancioso. Bjs só nossos. >

15h23m54s

< Podes vir ao MSN? Estou há tua espera. Beijoquinhas. >

17h45m30s

< Hoje já não tens a tua filha. Q se passa, amor mio. Amo-te sabia? Bjs molhados. >

22h01m55s

< Bons sonhos. Amanhã estamos juntinhos. Estou ancioso. Beijo-te com amor. >



segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Preparar a mala

Sábado, 8 de Janeiro de 2005

Neste dia falei com o Pedro pelo MSN. Ele falou que já tinha marcado  aparthotel no Solar dos Carvalhos, na Nazaré. Disse-me que tinha visto fotos na net e que era bastante agradável. Eu confiei nele. Confiava cegamente e via nele o homem mais perfeito da terra. Para mim não tinha defeitos. Só tinha qualidades raras de encontrar noutro homem qualquer. Se bem que só conhecesse o meu marido. Mas sabia, por colegas, que os maridos tinham este ou aquele defeito. Eu não lhos encontrava e fazia tudo o que ele queria sem questionar. Foi o meu erro. Não o amava. Isto não era amor. Era paixão doentia. Paixão que me levou à loucura. A Paixão acaba e o amor prevalece para sempre. Mas quando comecei a abrir os olhos, era tarde. A paixão já não existia e transformou-se em ódio, pavor das suas loucas ideias, medo de o contactar. Mas lá iremos na altura própria.
Perguntou-me se já tinha feito a mala. Eu respondi que não. Só a faria na Segunda depois do meu marido sair. Contudo, já tinha planeado o que levar e estava arrumado no quarto da minha filha, dentro do roupeiro.
À noite enviou-me a seguinte mensagem:

22h10m05s

< Dorme bem. Lá vamos para a nossa lua-de-mel. Depois vamos dormir juntinhos e vamos ser muito felizes. Bjs de sonho. >

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Sexta, 7 de Janeiro de 2005

Isto sem foto não tem graça, mas eu ainda não aprendi como se coloca a mesma. Aos poucos, isto vai.

Levantei-me cedo. Fui levar o pequeno-almoço à minha filha e ao meu marido. Comemos todos na cama. Depois tomei banho enquanto eles ainda continuavam deitados.
O meu marido ficou em casa. Queria passar este último dia com a nossa filha. Foi um dia em cheio. Na véspera tinha pedido ao Pedro para não me enviar mensagens neste dia até eu lhe dizer. Ele respeitou, mas mal sabia eu que ele andava a tratar de uma surpresa para mim. Afinal não era só para mim, mas para ele também.
Pelas 14h estávamos no aeroporto. A minha filha foi fazer o check-in. Eu andava nervosa de um lado para o outro. Era sempre assim quando ela vinha a Portugal ou nós íamos lá vê-la. Nós íamos muitas vezes visitá-la.
Acabados os preceitos todos para ela poder embarcar, ficámos na conversa. Ela voltou a frisar que se eu precisasse de fazer alguma operação que iria lá fazê-la.
Como a felicidade não dura sempre, chegou a hora da minha menina embarcar. Chorou muito agarrada a mim e eu a ela. Vi-a subir as escadas, fazer-nos adeus e fiquei a olhar para o vazio ainda durante um tempo. Depois fomos para o sítio onde se via o embarque. Hoje o aeroporto está diferente, mas naquela altura, era assim. Vimo-la subir para o avião e fez-nos adeus. Depois, mais nada. Eu ainda chorava qual Madalena arrependida. Disse ao meu marido que precisava de ir à casa de banho para lavar a cara. Era para poder telefonar ao Pedro e dizer-lhe que ela já tinha partido.  Então tive uma grande surpresa. Ele disse-me que iríamos na segunda para a Nazaré passar a semana. Eu fiquei agradecida. Ele dizia em casa que iria trabalhar para fora, como ainda hoje o faz quando vai ter com outras mulheres. E eu, a desculpa de sempre. Iria desanuviar uns dias.
E foi assim que começámos mais uma segunda lua-de-mel, como ele dizia. Iríamos para o "Solar dos Carvalhos". Ele estava a tratar da reserva. Nunca pedia a minha opinião. Eu aceitava tudo o que vinha da parte dele como se ele fosse meu dono e senhor. Pelas 21h23m06s recebi a seguinte mensagem:

< Dorme bem meu Amor. E lembra que,eu te amo como tu és. Bjs só nossos. >

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Mimas de mais essa filha!

Quinta, 6 de Janeiro de 2005

Mais um dia passado em casa com a minha filha. O dia de partida estava agendado para o dia seguinte, pelas 15h, no aeroporto da Portela. Iria um dia mais cedo. Queria preparar as aulas para segunda começar sem problemas. Eu estava triste e ajudava-a a arrumar a mala que ia sempre muito cheia com miminhos de Portugal.
O Pedro não compreendia a atenção que eu dava à minha filha. Dizia que a mimava de mais. Mas eu não lhe dava importância e fazia o que o meu coração de mãe me ditava.
Eram já 10h30m45s quando Pedro enviou uma mensagem, via telemóvel.

< Mimas demais essa filha. Ela já é crescidinha não axas? Bjs loucos. >

Não lhe respondi. Achei por bem não o fazer e nem disse à minha filha o conteúdo da mesma.

14h23m09s

< Andas tão atarefada que nem respondes. Fazes bem. Beijoquinhas doces. >

Respondi com azedume. Tratava-se da minha filha. Ele nem respeitava o meu sofrimento de a ver partir novamente.

17h10m56s

< Até amanhã. Nem vale perguntar se vais ao MSN. Bjs doces. >

21h46m34s

< Dorme bem. Bjs  só nossos. Já destes os mimos todos? >

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A nossa quarta-feira!

Quarta, 5 de Janeiro de 2005

Estou com alguns problemas para escrever no pc. Tenho dificuldade em publicar com imagem porque tenho uma nova versão e um novo pc e ainda não sei como isto funciona. Mas o que interessa mesmo é a escrita. Aquilo que se passou neste dia com o Fernando Pedro.

A minha filha foi-me levar ao comboio e eu tomei rumo ao Vasco da Gama. Eram 11h11m10s quando o comboio partiu.
Para minha surpresa, em A*****a, alguém se sentou ao meu lado  e eu nem queria acreditar no que via. Era o Fernando Pedro que me veio fazer essa surpresa. Beijámo-nos muito e nem me importei se havia alguém conhecido.
Fizemos a viagem de mãos dadas. Ele ia acariciando onde podia e não era visto pelos outros passageiros que iam no comboio.
No Oriente saímos e fomos para o jardim. Beijos e carícias eram mútuas. Falámos de muita coisa e do tempo que estivemos sem nos ver. Ele disse que tinha sido muito difícil e, que em casa, só lhe perguntavam se estava doente. Eu, estúpida, acreditei, mas não sabia que ele andava com outras mulheres. E andava. Vim a sabê-lo depois.
Almoçámos num restaurante junto ao rio. Um almoço romântico. Ele partiu a minha carne e bebi uma caipirinha. Nunca tinha provado, mas ele insistiu. Não gostei, mas não disse nada.
Já era hora avançada quando saímos do restaurante. Percorremos alguns sítios mais recatados do jardim para nos podermos beijar e acariciar mutuamente.
Quando chegou a hora, enviei uma mensagem à minha filha para me ir buscar à estação. Despedimo-nos com alguma mágoa e lá pusemos a mãozinha no vidro da porta do comboio, como já vinha sendo habitual.
Neste dia já não houve mensagens. Eu pedi-lhe para não dar muito nas vistas.
 Mais um dia que passei ao lado do Pedro e que paguei o almoço num restaurante chique escolhido por ele.
Á noite deitei-me feliz. Tinha passado mais um dia com o Pedro que me iludia e me fazia querer que eu era a única mulher na vida dele. 

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Realidade!

Terça, 4 de Janeiro de 2005
 
 
Graças ao meu diário, tenho tudo o que passei com o Pedro. É nele que vou buscar todas as coisas que aqui escrevo. Tudo foi a realidade. Transcrevo os e-mails e as mensagens, via telemóvel, tal como ele mas enviava. Com erros ortográficos que feriam a minha sensibilidade por ter sido tanto tempo professora. Mas eu relevava e adorava quando ele me tratava de "Amor". Ele era, para mim, uma fonte de inspiração. Por ele gastei enormes quantias tiradas das minha economias e de algum que pedi emprestado ao BES.
 Foram dias de prazer, mas bem caro os paguei. Ele é um chulo que só vive à conta das mulheres em troca de favores sexuais. Mas quando me apercebi disso, já era muito tarde. Dava-me a impressão que andava comigo pelo prazer de estar comigo. Mas enganei-me. Ele andava comigo por causa do dinheiro e das coisas que poderia ter. Mais um dia a caminho do abismo. Todos temos medo do "abismo", mas todos nos precipitamos para ele. Uns com consciência formada, outros sem ter consciência para onde caminhamos. Eu estou incluída no último grupo. A mulher que anda com ele neste momento, sabe perfeitamente o que quer o Pedro. Não está enganada como eu e como tantas outras mulheres.
Era tão galante e atencioso que me fazia crer que era por amor que me queria. Mas não. Por isso é um sociopata, um bipolar, um chulo. Eis o retrato verdadeiro que fiz dele como psicóloga depois de tantas coisas desagradáveis que me fez. Por ele tentei o suicídio duas vezes pelas calúnias que me arranjou.
 
 
09h21m12s
 
< Bom dia amor mio. Dormiu bem? Eu não. Espero ancioso a quarta. Bjs só nossos. >
 
 
13h10m09s
 
< O meu Amor já almoçou? Eu almocei sozinho. Bjs molhados. >
 
17h10m23s
 
< Amor mio vou embora. Não sei como vou encontrar o ambiente em casa. O teu é melhor que o meu. com a tua filha cá estás nas nuvens. Bjs doces de mel. >
 
21h56m45s
 
< Hoje falámos um cadinho. Amanhã espero por ti. Bjs só nossos. Dorme bem. >
 
 
 

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Tudo à minha frente!

Segunda, 3 de Janeiro de 2005
 
 
O Pedro tinha-me convidado para almoçar com ele neste dia, mas eu não podia ir. A Minha filha chegava de Vilamoura e eu tinha que estar em casa. Ele não compreendeu.
 
 
09h32m23s
 
 
- Estou sim, faz favor?
- Amor mio, sou eu. Bom dia. Já tinha saudades de te ouvir. Podes vir ter comigo?
- Bom dia, Pedro. Tenho muita pena, mas a minha filha está em casa e eu não posso ir.
- Então porque estamos a falar ao telefone?
- Não querias falar comigo?
- Queria e muito, mas com ela em casa...
- Neste momento não faz mal.
- Mas ela não está em casa?
- Está. E depois? Ela ainda dorme. ( Não lhe falei que ela estava para chegar. Não queria falar desta casa para não ir para lá com ele. )
- Já não percebo nada.
- Desculpa?
- Pois. Não queres falar comigo quando ela está em casa e agora estamos a falar...
- Se estamos a falar é porque não há perigo nenhum.
- E é por ela estar em casa que não vens almoçar comigo?
- Tens que compreender, Pedro. Ela vem poucos dias e eu tenho que aproveitar a companhia dela. É minha filha.
- Pões tudo à minha frente. Hoje ela, amanhã outra coisa e por aí fora.
- Não digas isso. Faço coisas inconcebíveis para estar contigo. Mas hoje não dá. Tens que compreender.
- E quando se vai embora?
- Já vai no sábado. Segunda já vai para a Universidade dar aulas.
- Ainda falta uma semana.
- A mim parece-me que veio ontem.
- E eu? Quando me vens ver? Quero estar contigo. Amo-te e não te quero perder.
- Não vais perder. Na quarta vou ter contigo e passamos a tarde juntos.
- Hum! Que bom! Vens mesmo?
- Vou. Palavra que vou.
- Assim já fico mais descansado. Mas ainda faltam dois dias...
- Vais ver que passam depressa.
- Assim espero. É que pões tudo à minha frente.
- Estás a ser injusto.
- Pronto. Não quero brigar. Vou trabalhar. E logo posso telefonar?
- Não. Ela já está levantada e vai ajudar-me no jantar.
- Ok! Bjs doces. Fica bem.
- Beijinhos muitos e também te amo. >
 
 
 
12h56m45s
 
 
< Almocei só. Senti a tua falta. Tudo à minha frente. Enfim... Bjs molhados. >
 
 
17h10m29s
 
 
< Não me digas que não pões tudo à minha frente pq é verdade. Hoje foi a tua filha. E na quarta o que será? Estou triste. e não vais ao MSN? Ela e o teu marido apanham o computador e tu nada.
Bem, estou aqui a pensar uma coisa mas, só digo qd a tua filha for embora. Quero-te só para mim. Amo-te para SEMPRE. Bjs molhados só nossos. >
 
 
22h01m45s
 
 
< E está visto. Tudo à minha frente. Não aparecestes no MSN. Dorme bem. Bjs doces. >

domingo, 11 de outubro de 2015

Amo-te, sabia?

Domingo, 2 de Janeiro de 2005
 
 
O ano tinha mudado e o Fernando Pedro também. Estava a preparar o caminho para me sugar até aos ossos e levar o que queria. Era tão meigo e carinhoso que não se adivinhava o que estava por baixo da capa que vestia. Um lobo vestido de cordeiro. E, segundo soube das outras mulheres com que ele andou, também foi assim.
 
 
10h20m02s
 
 
< Meu Amor de sempre amo-te sabia? Já to disse e continuo a dizer. És a minha vida. Nunca me deixes. Bjs só nossos. >
 
 
12h35m34s
 
 
< Vou buscar a minha mãe para almoçar com a gente. Bjs doces para tua sobremesa. Amo-te e NUNCA deixarei de te amar. Sabia? >
 
 
16h12m23s
 
 
< Estou no MSN. Aparece para falarmos um cadinho. Bjs só nossos e amo-te sabia? >
 
 
 
21h56m45s
 
 
< Não deu. Amanhã já vou trabalhar. Queres vir almoçar comigo? Amo-te sabia? Desejo-te. Bjs só nossos. Hum gustosos.. >

sábado, 10 de outubro de 2015

Eu e tu!

Sábado, 1 de Janeiro de 2005
 
 
 
Primeiro dia do ano. Com ele iniciei uma nova etapa da minha vida. Caminhava lentamente para o abismo, mas não sabia nem fazia ideia o quão perverso era o Fernando Pedro.
 
 
10h10m10s
 
 
< Bom dia Amor. Como está a ser o primeiro dia do ano? Eu e tu vamos ser muito felizes. Acredita. Bjs molhados. >
 
 
15h10m34s
 
 
< Amor estou no MSN. Vamos falar um cadinho? Eu e tu só, nós dois. Bjs doces. >
 
 
17h45m20s
 
 
< Compreendo. Ela dormiu aí? ( " Ela" era a minha amiga T******** ). Ninguém te rouba de mim. Eu e tu muito felizes sempre. Bjs só nossos. >
 
 
21h30m10s
 
 
< Amor boa noite. Dorme bem. Adoro-te sabia? Bjs quentes e molhados. Eu e tu somos 1 só. >

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Feliz ano!

Sexta, 31 de Dezembro de 2004
 
 
Meu marido ficou em casa. A minha filha foi para Vilamoura e eu fiquei nos últimos preparativos para a passagem de ano. A minha amiga T*******a veio logo cedo para me ajudar. Éramos muito amigas. Partilhávamos tudo e ela sabia do meu envolvimento com o Pedro.
Pelas 09h30m45s recebi a primeira mensagem do Pedro.
 
 
< Bom dia Amorzinho. Tb ando a preparar tudo para a passagem de ano. Ela está a trabalhar. Bjs só nossos. >
 
 
 
12h34m57s
 
 
< Uf estou cansado. Bom almoço. Bjs doces para tua sobremessa. >
 
 
 
18h20m03s
 
 
< Amor vou buscar a minha mãe. Bom começo de ano. Bjs molhados. >
 
 
00h01m02s
 
 
Meu amorzinho feliz ano. Q tu fiques para SEMPRE comigo. Adoro-te sabia? Bjs quentes e doces. >