quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Nosso primeiro dia na Nazaré!

Segunda, 10 de Janeiro de 2005

Mais uma vez me sirvo do meu diário. Havia coisas que eu já tinha apagado da minha memória. Porém, hoje ao lê-lo, parece que se passaram ontem e que a frivolidade desses tempos nada teve a ver com aquilo que hoje sou. Tudo se passou de uma irreverência tal, que hoje não tenho a audácia de as fazer nem em pensamento. Tudo me parece um sonho em que fui a protagonista. Contudo, é a realidade dos factos que vou relatar.

Esta Segunda começa com a ida à estação para ir buscar o Fernando Pedro. Eram 9h 35m quando o comboio chegou.
Enquanto eu aguardava pela sua chegada, pedia a Deus que ele não aparecesse. Naquele momento tinha consciência da grande reviravolta que dava na minha vida. Fazia uma coisa que estava fora dos parâmetros da minha existência como mulher com um passado imaculado que tinha atrás de mim. " Não era eu que estava a cometer tal agrafo na minha vida " pensava eu com os meus botões. Mas a nódoa cai no melhor pano, como é hábito dizer-se.
Cogitando nas mil e uma maneira que eu tinha para sair dali, nem dei por ele descer as escadas para vir ao meu encontro.
Assustei-me quando ele bateu no vidro do carro, arrancando-me aos meus mais sublimes pensamentos. Sorri a custo e abri a porta para o receber. Ele enlaçou-me nos seus braços fortes e beijou-me com meiguice tornando isso num analgésico para os meus pensamentos.
Sai do meu lugar e disse para ele conduzir.
Levou um cd com músicas da terra dele e batia no volante ao compasso da mesma. Eu ia calada. Pensava que o meu marido, ao ler o bilhete que lhe deixei, ficasse zangado comigo. Nunca se zangava, mas haveria de vir uma primeira vez.
Fizemos o caminho a ouvir o cd. De vez em quando, perguntava-me se eu estava feliz. Eu acenava com a cabeça que sim, mas ia muito introspecta.
Já na Nazaré foi difícil dar com o " Solar dos Carvalhos ". Ele não conhecia Nazaré, foi a ilação que tirei. Telefonámos para a dona e ela lá nos deu a indicação. Por acaso já tínhamos passado por ali.
Ele tirou os tróleis e foi estacionar o carro que ficou junto aos correios. Eu fiquei a fazer o check in. Declarei que éramos marido e mulher. Erro crasso, mas não podia ser de outra maneira.
O apartamento que escolhemos estava virado para o mar. Dali ouvia-se o marulhar das ondas e as gaivotas no seu grasnar interrupto.
Instalámo-nos. Cada um de nós arrumou a sua roupa nos dois roupeiros que tinha o apartamento.
Depois ficámos aos abraços e beijinhos com carícias e meiguices. Estava anestesiada e perplexa por estar a cometer uma falha tão grande na minha vida. Já tínhamos estado em Porto Covo, mas, para mim, era como se fosse a primeira vez.
Descemos para almoçar. Em frente à portaria havia o restaurante " O Borgas ". Foi aí que almoçámos. Falámos muito e comemos pratos de carne. Ainda não fomos para a caldeirada. Dizia o Pedro que era cedo. Tínhamos mais dias. Quando veio a conta, eu paguei sem dizer nada.
Fomos os últimos a sair do restaurante.
O Pedro pensou em fazer uma refeição leve ao jantar. Era ele que iria pagar. Tínhamos combinado pagar as despesas por metade, mas tal não aconteceu.
Então pusemo-nos  à procura de um supermercado. Era o super da Lena. Ficava duas ruas acima do apartamento. Mesmo perto da farmácia.
O Pedro escolheu o que queria e meteu no cesto. Quando chegámos à caixa, ele passou para a frente para meter as coisas nos sacos e eu fiquei atrás para pagar a conta. " Nem isto paga" pensei eu.
Já em casa, arrumei tudo e lavei a loiça. Eu gostava de lavar sempre tudo. Não sabia quem lá tinha estado antes.
De seguida fizemos amor com velas acesas para adocicar aquele momento.. Foi bom, como sempre. Ele primava por aquilo que fazia e sabia fazer sexo que desse prazer à companheira.
Uma tarde em que os raios de sol entravam pelas janelas e acariciavam os nossos corpos nus.
Tomámos banho juntos como era já apanágio de ambos.
Á noite dormimos agarradinhos um ao outro. Ele estreou nesse dia o pijama azul que a mãe lhe dera pelo Natal.
 

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